A Mulher Cadela e o Menino Cão - Autor: Martins da Cachoeira

Em frente a uma casa amarela
Procurando alimentação.
Vi um saco de lixo rasgado
E uma mulher com um cão de lado
Comendo o lixo do chão.
O cão latia, a mulher calava,O cão falava a mulher latia
E eu ali não compreendiaQuem de fato era o cão.

Que o rico jogava no chão
E a mulher estava sentada
Repartindo o lixo com o cão.
Ao contemplar esta Sena
Triste ficou o meu coração
Por que quando criança eu já fui:
Um pequeno menino-cão.

Leia o texto abaixo
A mulher Cadela e o Menino Cão
Lembrando-me do meu passado, resolvi fazer um poema e o batizeis com o seguinte titulo: A Mulher Cadela e o Menino Cão. O batizei com esse titulo não para difamar ou denegrir a imagem da mulher e da criança no nosso País, maspara que por meio deste poema eu possa falar em linguagem poética, a realidade do presente e as lembranças de um passado bem presente..
Bem sei que muitos pseudos-cantores de fank e musicas popular brasileira, estão defecando verbalmente (cantando) nos ouvidos do povo que precisam refazer sua cultura musical. Suas fezes musicais são tão sebosas que nem os antropóides da evolução suportariam ouvir, pois compara a mulher brasileira com uma cachorra, uma cadela, um pedaço de carne que se vende no açougue da esquina. Para mim esse tipo de musica é um lixo. Essa "pornofonia" se deve a consciência doentia da sociedade hodierna, bombardeada pelas emissoras de Televisão e rádio Fm que para se manter no ar ajuda a difamar e infamar a mulher no Brasil, incentivando assim, a prostituição internacional e a gravidez na adolescência.
Certo dia sai de casa para passear no centro com minha bicicleta. Derrepente! Vi uma mulher idosa seguida por vários cachorros, imitando o santo Lázaro da Igreja Católica, ela estava catando resto de comida em sacos de lixo, para matar a sua fome e a dos seus companheiros de jornada, os cães de cada dia. Esta sena da realidade que não passa na TV, acontecia na Rua Tavares Cavalcante, próxima ao Terminal Rodoviário de Passageiro Cristiano Lauritzen, antiga rodoviária velha de Campina Grande na Paraíba.
Quando por ali passava, em cima de uma bicicleta, presenciei uma senhora e seus cachorros de estimação se banqueteando com as migalhas que o nosso “povo de Deus” prefere jogar fora em vez de dar aos pobres. Parei a minha bicicleta e fiquei olhando de perto a intimidade dela com seus cães. Ela abraçava os amiguinhos, conversava com eles como se fossem seus filhos e talvez pensando que eles entendiam sua verbalização, já que muitos que por ali passavam, nem lhe dava atenção. Só cometi um grande um erro, não perguntei o seu nome, mas a conheço desde criança como Dona Toinha, a mãe de um falecido amigo de infância que perdi.
Era quase 16h00min horas, eu estava indo em direção ao SINTAB (Sindicato dos Trabalhadores Publico Municipais do Agreste da Borborema) que fica na rua acima citada, para fazer minha visita de praxe. Quando já estava chegando à entrada do SINTAB, vi perto do sindicato, essa “vovó dos cachorros” que se encontrava sentada em um batente de uma casa (escada de cimento) de cor meio amarelada com o muro rebocado de folhas de pedras. Dona Toinha estava toda suja, carregava com ela sacolas e sacos velhos que ela usava para carregar os lixos que procurava para vender e comer.
Na calçada tinha muito lixo expostos no chão atrapalhando a passagem dos que por ali passavam por que a vovó guerreira, estava rasgando vários sacos de lixo, tentando encontrar resto de comida, a fim de matar sua fome e a dos seus companheiros de cada dia, os cães que ela criava como bichos de estimação, que na verdade, eram vários cachorros que me fez até pensar que sua casa deveria ser igual a um canil.
Fiquei parado pensando sobre o meu triste passado e me vieram à memória o meu tempo de criança, quando por ali também eu andei a procura de alimentação com minhas duas cadelas, Silêncio e Duquesa e minha carroça de tabua que meu irmão tinha feito para mim poder catar lixo para vender na sucata. Ainda me lembro que todo santo dia, com o calção rasgado, tendo um cordão como sinto, eu passava por ali pedindo esmolas e catando papelão, papel, vidro, todo produto que pode ser reciclado e se vendido em sucata, sem falar nos resto de comida que também procurava para sobreviver. Por muitas vezes rasguei saco de lixo a procura de resto de comida como essa senhora estava ali fazendo. Também me lembrei de um determinado dia nessa mesma rua, em um edifício, que nessa época tinha perto de um poste de energia elétrica um tonel (latão de lixo) que os moradores depositavam seu lixo para ser coletado pelos garis. Ali encontrei um saco de plástico de cor azul, com ausência de controle de reciclagem, pois nele tinha a mistura de lixo orgânico com inorgânico, e presenciei muito pão francês misturados com papel higiênico, ou melhor, era a mistura dos lixos que era produzido nos sanitários e na cozinha, a fome era tão grande que logo arranquei o cascão da parte superior do pão francês e comi o miolo para matar minha fome.
Eu tinha mais ao menos uns 12 anos de idade, mas ainda guardo na memória a dor que passei vivendo pior que os cachorros dos grandes empresários e políticos do Brasil que muitas vezes tratam o povo pobre, como se fosse cachorro de estimação e os seus bichos de estimação como se fosse gente, depois promove as bolsas de esmolação oficial para o povo, povo que ainda agradece o "osso" que eles lhes dão e os seus cães rejeitam.
Ao refletir sobre meu passado, vendo o triste presente daquela senhora, pensei: Meu Deus! Os seus filhos estão vivendo como cachorro aqui na Terra, ou melhor, pior que os cachorros dos ricos, Tu sabes que assim também já vivi Senhor e consegui vencer esse pesadelo sem precisar roubar nada de ninguém!
As lagrimas desceram do meu rosto, então fui ao SINTAB, e chegando lá, comecei a escrever este poema:
A Mulher Cadela e o Menino Cão
Vi um cão e uma cadela
Em frente a uma casa amarela
Procurando alimentação.
Vi um saco de lixo rasgado
E uma mulher com um cão de lado
Comendo o lixo do chão.
O cão latia, a mulher calava,
O cão falava a mulher latia
E eu ali não compreendia
Quem de fato era o cão.
O cão comia as migalhas
Que o rico jogava no chão
E a mulher estava sentada
Repartindo o lixo com o cão.
Ao contemplar esta Sena
Triste ficou o meu coração
Por que quando criança eu já fui:
Um pequeno menino-cão.
Poema do Gari
Martins da Cachoeira
J. Martins de P
Fonte: Martins o Gari
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